sábado, 6 de março de 2010

Mais um textinho, falando sobre os anos 80:

ANOS 80

Um dia desses, enquanto arrumava alguns discos antigos – leiam-se LP’s – comecei a pensar nos anos 80, não que eu tivesse plena consciência e conhecimento de todos os acontecimentos da época; por ser muito jovem, mas mesmo assim comecei a lembrar da minha infância e dos fatos que vivi. E agora, depois de aproximadamente vinte anos, percebo como foram importantes aqueles anos.

A primeira lembrança que mantenho viva é o primeiro show da banda Kiss no Brasil. Fiquei impressionado com aqueles tanques, maquiagens e o sangue falso do Gene Simmons – que cuspia o show inteiro com uma língua monstruosa. É bem verdade que meu namoro com o rock não começou daí – tinha apenas 5 ou 6 anos e para mim aquilo era um espetáculo que enchia os meus infantis olhos.

Lembro-me da comoção que o país viveu quando ocorreu o movimento pelas Diretas Já! Dando fim ao período negro do regime militar e quando o primeiro presidente civil iria assumir o poder. Até hoje, muito me pergunto como Tancredo Neves adoeceu e morreu tão subitamente. O sopro de vida e liberdade estava suprimido durante algum tempo, até que Sarney com seus planos (cruzado I, II,........) deu um novo ânimo à sociedade; ânimo anexado à inflação de que meus pais tanto reclamavam.

Ouvia sobre inflação e as conseqüentes reclamações pelos meus pais, mas obviamente, preferia brincar com meus Comandos em ação – imaginando mil batalhas com Falcon e seus “soldados”. Comandos em ação era um brinquedo relativamente acessível para meus pais; mas o que eu queria brincar mesmo era com um Gênius, com um robozinho que falava e com um “lançamento”: o videogame Odissey. Se fosse possível comparar diria que a quantidade de luzinhas destes “modernos” brinquedos era proporcional ao número de zeros do valor deles. Ah, sem esquecer das bicicletas BMX, e do célebre comercial: “Não esqueça minha Caloi!” e o famigerado “Compre Batom, compre Batom...”

O ano de 1985 foi especialíssimo para mim, e acredito que vários amigos meus também. Foi o ano do primeiro Rock in Rio que trazia artistas ótimos e exóticos, ou não tão “ótimos” assim. Era o primeiro festival de grandiosas proporções no Brasil, e para ele foi construída a Cidade do Rock, onde vários hippies velhos achavam a própria Woodstock. Assistia, meio sem entender, às apresentações de Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Paralamas do sucesso, Kid Abelha (e os abóboras selvagens – Meu Deus!!! Muito original! ) E, para não esquecer, a Nina Hagen, que parecia uma bruxa, mas era engraçada, e o muito Rock and roll, James Taylor.

Esse festival abriu as portas para várias bandas e o “Rock Brasil” viveu sua década de glória, bandas underground tiveram seu espaço, geralmente bandas engraçadinhas, leves, trazendo um novo fôlego à música brasileira cercada até então de Amelinhas, Fagner’s, e outros regionalistas. (Só mais tarde, fui entender realmente o valor destes e de outros artistas!). Do lado de “baixo” deste rock alegre que falava de chopp e batata frita, vaquinha Sarali, existia um outro rock, underground, que falava dos problemas sociais e dos resultados do Regime Militar: o Punk.

O movimento Punk, desde seu surgimento – no Brasil, por volta do final dos anos setenta – era e é visto pela grande massa como alegoria, acessórios; como Gilberto Gil afirmaria: “sou o punk da periferia....”. Hoje, infelizmente, o movimento sucumbiu à moda, ser punk é andar de tênis e roupas de lojas que lançam suas tendências “street”, “underground”, cabelos moicano, etc, mas isso é papo para outro texto.

Enquanto no Brasil bandas como Blitz, Ultraje a rigor, Ira!, Biquíni Cavadão, Legião Urbana, Plebe rude, cantavam, de forma meio equivocada é verdade, a juventude brasileira nos seus sonhos nunca dantes navegados. O mundo assistia e ouvia artistas como Madonna, Michael Jackson, Dire Straits trazerem uma nova estética para os videoclipes. Produções caras, roupas de gosto duvidoso e os cabelos então....A juventude absorvia um novo american way of life, – em filmes, clipes e até novelas. - E num período em que as importações eram proibidas O rebolado do Michael Jackson envolvia as crianças (ops!) e o cabelo da Madonna era inspirador de pré-adolescentes ávidas de revoltas juvenis.

Era uma época muito colorida, é verdade, desde (mais uma vez) os cabelos coloridos e armados de laquê de Baby (ainda) Consuelo, até as roupas dos caras do Bon Jovi, Iron Maiden, Marillion. Felizmente essa moda dos cabelos e roupas passou (já pensou, hoje em dia, você ir trabalhar com uma calça de lycra de oncinha !?).

Nos cinemas, nós assistíamos a um Stallone, Schwarnegger (acho que é assim!) matando bem uns 50 com um revólver de seis balas, violência gratuita, desnecessária; mas que enchia os nossos juvenis olhos. Mas nem só de violência era o cinema; havia também muitos sonhos como: 2003 – Uma odisséia no espaço, Alien – o 8º passageiro, Exterminador do Futuro (é, com aquele cara; Swar... alguma coisa!). Um futuro nebuloso e bem mais negro do que poderíamos imaginar. Por outro lado, havia o futuro que nós poderíamos escrevê-lo e com boas doses de humor, como em De volta para o futuro. Peço licença para destacar esse filme, pois eu o adoro, até hoje! Para mim, é um grande filme, que brinca com o nosso eterno desejo de ver o mundo do futuro, como nós estaríamos (nos distantes) anos 2000!

No mundo: a Guerra Fria, o Socialismo versus o Capitalismo, Reagan e Gorbatchev; o mundo sob a ameaça de uma guerra nuclear e já no finalzinho dos anos 80, a queda do muro de Berlin, junto com o ideário socialista; não que esse ideário tenha realmente acabado, mas o que vemos hoje em dia é uma contradição de tudo. A esquerda cada vez mais parecida com a direita, e esta sendo oposição. (!!) Há ainda alguns resquícios do Socialismo como Cuba (com Fidel nas últimas...) e a Coréia do Norte (com seu sonho nuclear).

Enfim, os anos oitenta foram especiais para muitas pessoas, período de descobertas e experiências, o que posso dizer é que quem tem por volta de 25 a 30 anos lembra-se com muita clareza desses anos coloridos e inovadores, às vezes com saudade ou dando “graças a Deus” que passaram; agora com licença que eu tenho que me arrumar para uma festa Trash’ 80!

2 comentários:

  1. Desta vez eu viajei... Voltei aos bons anos 80. E foram bons mesmo. Sou uma saudosista incorrigível e irrecuperável. Até vou (feliz!) as festas dos 80 anos. Cantando (e fazendo a coreografia - mas não conte a ninguém!) de todas aquelas músicas que grudaram em nossa memória!

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  2. O Roger Waters (ex-Pink Floyd) resolveu enterrar os anos 80 fulminando o The Wall com um espetáculo ordinário no qual tocava o referido álbum na íntegra com participações absurdas no local onde houvera o monstruoso Muro de Berlim. Ufa!

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